sexta-feira, 29 de março de 2013

1º ENCONTRO COM POESIA - 21-3-2013


No dia 21 de Março de 2013, Dia Internacional da Poesia, teve lugar na Escola EB1 de Sequeira, Braga, o “1º Encontro com Poesia”, uma iniciativa conjunta entre a Escola e o Rancho Folclórico, cuja sessão foi presidida pela Vereadora da Cultura, pela Directora do Agrupamento de Escolas, pela Directora da Escola, pelo Presidente da Junta e pelo Presidente da Associação de Pais e pelo representante da Direcção do Rancho Folclórico de Sequeira. Esta iniciativa cultural teve como objectivos fomentar a leitura retirando-a do espaço de aula habitual levando-a ao público,  levar a escola à comunidade e trazer também a comunidade à escola, para além de mostrar o trabalho desconhecido de alguns poetas locais. A recepção da iniciativa superou as expectativas abrangendo todas as faixas etárias.
A declamação foi dividida em seis blocos de participantes: alunos, professoras, pais, poetas locais, convidados e elementos do rancho folclórico.
Pelo palco passaram poemas de António Mota, Cecília Meireles, Almeida Garrett, Fernando Pessoa, Tóssan, José Jorge Letria, Florbela Espanca, José Régio, W. Shakespeare, João Penha, Pedro Homem de Mello, Miguel Torga, José Manuel Mendes e Guerra Junqueiro. Mas também passaram pelo palco três poetas populares, Domingos Queirós, José Lourenço Gomes, João Azevedo e o poeta erudito José Vieira, que deram um brilho especial à sessão. A sessão encerrou em apoteose com duas canções de autoria de Mário Gonçalves, cantadas pelo próprio.
Também foi anunciado que o próximo “Encontro com Poesia”, no próximo ano, estará sujeito a uma abordagem temática que será anunciada em Outubro, de modo a que os interessados prepararem os seus poemas favoritos do dito tema ou escreverem sobre ele.
 
Deixamos aqui alguns dos poemas declamados.

 
TÓSSAN
O SAPO E O PAPO

Um sapo de grande papo,

Papou a papa do prato

Que era pró papo do gato,

E não só papou a papa

Como também papou o prato.

 

O prato,

Quando chegou ao papo,

Encontrou-se com a papa

Que já lá estava no papo.

 

O sapo,

Da papa fez a digestão

Agora, do prato é que não.

 

E como a papa do gato

Foi papada pelo sapo

Dei meia dúzia de ratos

Ao pobrezito do gato.

 

O cão e a cadela

Paparam só morcela.

 

Depois dei papa ao papagaio.

E a catatua papou bifes

De perua.

 

E logo de manhã enchi

O papo à rã.

 

A cotovia papou a papa

Ao meio-dia.

 

De tarde

Dei ao porco feijão-frade.

 

E o sapo não papou mais nada

Porque o prato

Que ficou no papo não deixava.

 

 

Só o cágado abriu a boca

Como quem boceja,

Cheiinho de inveja.

 

Depois houve concerto no coreto.

 

O sapo pateta tocava corneta,

O pelicano com o bico

Tocava piano.

 

O saguim tocou no cornetim,

Mas o saguão tocou tocou violão.

O cão esse então

Só com o rabo

Tocava rabecão.

 

E o macaco amendoim

Dedilhava o bandolim.

 

O gato

Quando dava um mi miava,

E nesta confusão

Tudo desafinava…

E eu bocejava, bocejava,

Bocejava.

 

 MIGUEL TORGA

 

 BRINQUEDO

 

Foi um sonho que eu tive:

Era uma grande estrela de papel,

Um cordel

E um menino de bibe.

 

O menino tinha lançado a estrela

Com ar de quem semeia uma ilusão;

E a estrela ia subindo, azul e amarela,

Presa pelo cordel à sua mão.

 

Mas tão alto subiu

Que deixou de ser estrela de papel.

E o menino ao vê-la assim, sorriu

E cortou-lhe o cordel.

 

ALMEIDA GARRET

 

Pescador da barca bela

Onde vais pescar com ela:

Que é tão bela,

Oh pescador?

 

Não vês que a última estrela

No céu nublado se vela?

Colhe a vela,

O pescador!

 

Deita o lanço com cautela,

Que a sereia canta bela…

Mas cautela,

Oh pescador!

 

Não se enrede a rede nela,

Que perdido é remo e vela

Só de vê-la,

Oh pescador.

 

Pescador da barca bela,

Inda é tempo, foge dela,

Foge dela,

Oh pescador!

 

JOÃO PENHA

 

A CANÇÃO DOS NOSSOS ANJOS

 

Ó vós outros, mancebos amantes

Que no mundo, cantando, passais

Vossos passos detende uns instantes,

Vinde ouvir nossos cantos leais.

 

Somos anjos de luz, somos fadas,

Duma essência divina talvez,

Mas gostamos de ser animadas

Por um cálix de loiro Xerês.

 

Detestamos a prosa burguesa,

Não a olhamos, porém de soslaio,

Quando a vemos surgente na mesa,

Sob a forma celeste dum paio.

 

Debruçadas nas nossas janelas,

Bem gostamos de ouvir serenatas,

Se nos dizem: “senhoras, sois belas,

Inspirai-nos paixões insensatas.”

 

Mas os cantos que mais nos aprazem,

A nós, lírios de etéreos jardins,

Que tristezas repelem, desfazem,

São somente os dos áureos zequins.

 

JOSÉ RÉGIO

 

CANTICO NEGRO

 

“Vem por aqui” – dizem-me alguns com olhos doces,

Estendendo-me os braços, seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: “vem por aqui!”

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos meus olhos ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali…

 

A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.

- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre a minha mãe.

 

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos…

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,

Porque me repetis: “Vem por aqui?”

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí…

 

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens.

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.

 

Como, pois, sereis vós.

Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?---

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos…

 

Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátrias, tendes tectos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.

Eu tenho a minha loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…

 

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

 

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: “vem por aqui!”

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou…

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou,

- Sei que não vou por aí!

 

 

PEDRO HOMEM DE MELLO

 

CANÇÃO DE VIANA

 

Dancei a Gota em Carreço

O verde gaio em Afife

(Dancei devagarinho

Como a lei manda bailar!)

Dancei em Vile a Tirana

E dancei por todo o Minho

E quem diz Minho, diz Viana…

 

Ó minha terra vestida

Da cor da folha da rosa!

Ó brancos saios de Perre

Vermelhinho na Areosa!

Virei costas à Galiza,

Voltei-me antes para o sul…

Santa Marta! Trajo verde…

Como o povo era poeta

Aquele traje (tão verde!)

Deram-lhe o nome de azul…

 

Virei costas à Galiza

Voltei-me antes para o mar…

Santa Marta! Saias negras…

Mas como o povo é poeta

Aquelas saias tão negras

Têm vidrinhos de luar!

 

Virei costas à Galiza…

Pus-me a remar contra o vento…

Santa Marta! Saias rubras…

Ó santa Marta vestida

Da cor do meu pensamento!

 

A minha pátria é Viana

São estas ruas compridas,

São navios que partem

E são as pedras que ficam…

É este sol que me abrasa,

Estas sombras que me assustam

A minha terra é Viana.

(Não sei de berço mais belo…)

A minha terra é Vi-Ana

É Vi-Ana do Castelo!

 

JOSÉ MANUEL MENDES

 

MOSTRAR

 

Chegará o inverno

E teremos perdido outras cidades

 

Como quem olhou o naufrágio

À hora em que os barcos são pombos

De regresso ao vento

 

Andaremos pelas ruas

Escombros do que fomos transidos

Diante de uma porta para nenhures

O tempo desmoronou a canção

Dos plátanos dizíamos adeus  tão leves

Meu amor e o rio já

Suspenso o frio a cinza

As borboletas

Emudecendo

 

Que estórias contarás

Se não refluirmos à pedra

Do sol trevo da terra esse jeito nómada

De esculpir caminhos?

 

Entraremos no bar ao pé da catedral

Mesmo que a neblina do jazz

Nos preludie a véspera sorriamos havia

Lágrimas uísque mirtilos o teu isqueiro

Aceso

Cadernos dois bilhetes para o

Cinema a mão que te dava

 

E o ruido da máquina de café

 

Deixa agora declinar

A tempestade

Na memória

O cativeiro o luto a luz do medo

 
















































 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Procissão da Burrinha - Braga - 27.3.2013









 
Ontem realizou-se a Procissão da Burrinha, uma das procissões mais características da cidade de Braga, que embora recente tem tido uma forte adesão do público e ganhou o seu espaço durante as celebrações da Semana Santa. A procissão em si representa uma passagem pelos principais temas biblicos desde a Fuga do Egipto do Povo Judeus, aos Grandes Profetas, ao Rei David, à Arca da Aliança, Nascimento de Jesus e a fuga para o Egipto de seus pais para colocar a salvo a criança face às ordens de execução do Rei Herodes.

Deixamos aqui algumas fotos.
 
 

 
 
  
 

 
 





































































































quarta-feira, 27 de março de 2013

VIA SACRA - SEQUEIRA - 22-3-2013

No passado dia 22 de Março 2013 realizou-se em Sequeira a encenação da Via Sacra de acordo com o Evangelho atribuido a S. Lucas, cuja direcção coube ao Sr. Pe. Marcelino, e contou com a participação de cerca de 40 figurantes.

Deixamos algumas fotos.