segunda-feira, 28 de maio de 2012

Porquê o Fado e não o Vira?


A música popular minhota, nomeadamente o vira, da qual temos orgulho de a preservar e de a difundir, tem raízes que vão para além da superficialidade que os sentidos atestam, e representa uma forma de viver onde a alegria, a cor e a perseverança são representados. Reparem no forma de dançar, braços no ar e não descaídos, é uma atitude de luta e não de resignação, de força e não lamentação. Era a forma de viver dos nossos antepassados.

Sem a intenção de fazer uma apologia ao folclore mas com o intuito de emergir e lembrar a atitude que está por detrás das nossas raízes, o semanário Expresso publicou um artigo, no dia 6.4.2012, de autoria de Bruno Bobone, Presidente da Associação Comercial de Lisboa, intitulado “Porquê o Fado e não o Vira?”, do qual reproduzo algumas partes.

“Pena que o maravilhoso fado, originário de um território menos populoso que o do vira, tenha conseguido afirmar-se como característico da forma de estar e viver do nosso povo.

Se tivéssemos seguido o vira seríamos, sem qualquer dúvida, um país muito diferente, muito alegre e mais activo, menos parado e menos receoso. Se tivéssemos escolhido o vira, até pode ser que já não nos considerássemos na cauda da Europa mas na sua cabeça, já que sendo duas extremidades fomos nós que, ao contrário do que aconteceu há 500 anos, comodamente nos colocamos na que nos dá menos trabalho e que assume menos riscos de termos de fazer algo pelos outros. Se fossemos a cabeça já não teríamos tempo para descansar pois estaríamos sempre em ebulição. Sendo a cauda apenas servimos para nos balançar, pois por sorte não nos calhou a cauda do macaco que sempre teria alguma utilidade.

[..]

Temos de conseguir mudar o nosso ânimo, de conseguir assumir o risco, de ser responsáveis pelo nosso destino, de ser mais alegres. Temos mesmo de mudar! Não deixemos culturalmente o fado, mas tomemos para as nossas vidas o vira!”

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