quarta-feira, 29 de junho de 2011

Noite de S. Pedro (28 para 29 de Junho)

Uma tradição caída em desuso em Sequeira.
Era tradição em noite de S. Pedro pregar umas partidas aos habitantes mais incautos, sobretudo aos lavradores e às donas de casa. A coberto da noite e do anonimato, a juventude juntava-se para rondar as casas, os cobertos, os varandões e  os campos,  apanhando tudo o que conseguissem reunir para levar para o adro da Igreja. Lembremos que estamos na época de sachar o milho e das primeiras regas.
Era com frequência ver a porta de entrada principal da Igreja rodeada por vasos, arados, grades, carros de bois, motores de rega, cães e respectivas casotas, mangueiras, cestos, limpadores (de milho), pipos, enxadas, engaços, malhos, jugos, cangas, arcos, sachadores, semeadores, e claro, uma vaca presa ao antigo arame de tocar o sino e respectivo fardo de palha para esta manear a cabeça e fazê-lo tocar.
Depois da missa as pessoas levavam os seus pertences para casa. Quase ninguém levava a mal.
Certo é que nessa noite os lavradores não dormiam descansados, alguns deles passavam as noites de guarda, sem dormir.
Há histórias verdadeiras, nomeadamente, determinado agricultor colocou-se de guarda no seu coberto mas com o passar das horas adormeceu em cima do carro de bois. Quando os foliões chegaram, pegaram no carro às costas e sorrateiramente conseguiram levar o agricultor para o adro da Igreja. Também há histórias na ordem inversa. Certo agricultor decidiu vingar-se da partida do ano anterior. Como a sua casa ficava no caminho (dantes não havia estradas, eram caminhos ou cangostas ou calçadas) que ligava o seu campo à Igreja, decidiu carregar o carro com todas as alfaias de modo a torná-lo o mais pesado possível e deixou-o ficar no campo.  A altas horas da noite apercebeu-se que vinha um carro pelo caminho, abriu o portal (ou cancela) de casa e obrigou-os a colocá-lo no seu terreiro.

Transcrevemos alguns comentários relativos a esta mensagem no Facebook:
“Recordar é viver; no meu tempo, uma vez tivemos que levar para o mesmo sitio o arado que levávamos para a Igreja com espingarda atrás de nós (grupo). E o burro a tocar o Sino, cães etc.” Joaquim Gomes
“Aos meus pais foram às canhotas. Muitos anos toca ir buscá-las com os cestos à cabeça pela Gaiosa acima até ao Lugar do Monte. Havia de ser agora, ficavam lá”  Luísa Jácome
 “Quantas coisas levei eu quando estava aí”, José Oliveira (nosso amigo que escreve da Venezuela)
“Ainda há muita gente jovem, as tradições é que estão a morrer e é pena”, Olinda
 Brincadeiras em Noite de S. Pedro.


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