segunda-feira, 13 de junho de 2011

VALORIZAR O PATRIMÓNIO CULTURAL IMATERIAL

Pelo Prof. Luis Marques ao Semanário Expresso (10/6/2011)*
A familiarização da sociedade portuguesa com uma nova categoria patrimonial, o Património Cultural Imaterial, constitui, hoje, uma importante realidade, quer enquanto processo identitário, quer enquanto elemento dinâmico promotor de mais-valia socioeconómica.
A Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da UNESCO, já ratificada por mais de 130 estados, incluindo Portugal, está assim institucionalizada à escala mundial, pelo que o nosso país ao assumir tal responsabilidade – independentemente da situação financeira que atravessa – precisa urgentemente de lhe dar verdadeira atenção. Tanto mais que uma parte significativa do seu património incorpóreo continua a ser ignorada e desprotegida, não estando afastado desta realidade algum menosprezo por saberes, representações, criatividades, simbolismos…, expressos em irrepetíveis e efémeras práticas tradicionais, empobrecendo-se, desse modo, não só o nosso conhecimento sobre o património português, mas também o seu potencial efeito económico, principalmente ao nível do turismo cultural.
Em Portugal, o novo governo, […] tem de valorizar o património cultural imaterial: “saber fazer” antigo dos artesãos, coreografias e performances populares, culinária e doçaria regional, música vocal e instrumental, autos teatrais, oralidade tradicional, tauromaquias populares, hierofanias e tradições religiosas que ciclicamente irrompem em inúmeros sítios sob a invocação de oragos locais…, enfim, as muitas componentes que integram a personalidade colectiva portuguesa.
[…]
A emblematização, o espírito de pertença, as crenças, os saberes e as criatividades patentes em inúmeras expressões, rituais e práticas populares, podem contribuir para revigorar o turismo, engrandecer a primordial ação dos Municípios, estimular o trabalho científico e a intervenção social.
A “entronização” da cultura material vai cedendo, progressivamente, perante uma outra abordagem mais rica, diversificada e global, surgindo integrada no património.[…]
(*) Coordenador do Curso de Património Cultural Imaterial da Universidade Lusófona

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